Moradores da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Rio Amapá comemoram acesso à água potável em comunidades

Reserva é uma das primeiras contempladas com kits para garantia de água limpa durante a estiagem 202

“O maior bem que já recebemos”. É desta forma que Jhuacelly Campos, presidente da Associação de Moradores da comunidade Urucuri, da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Rio Amapá, localizada em Manicoré (a 332 quilômetros de Manaus), define a chegada de kits para garantia de água potável, por meio do Governo do Amazonas.

A entrega é fruto de uma parceria entre a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), a Defesa Civil do Amazonas e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). O objetivo é dar às comunidades mais distantes acesso à água tratada de forma permanente, sobretudo, durante a seca prevista para o segundo semestre deste ano.

Jhuacelly Campos é moradora da comunidade Urucuri há 20 anos, e assumiu a presidência em 2020. Para ela, favorecer a distribuição de água potável é questão fundamental para todas as comunidades da RDS, já que, na região, o acesso é dificultoso em períodos de seca.

“Muitas famílias se deslocam 20, 30 minutos para conseguir água limpa, mas não boa. Nossos familiares já passam por aqui há mais de 100 anos, e a nossa luta principal é essa. Nossa comunidade é cercada por água, temos igarapé, temos o rio, o lago. Mas destes, nenhum traz uma água de qualidade para nossas famílias”, explicou.

A RDS Rio Amapá é banhada pelo rio Madeira, que possui alta quantidade de sedimentos, o que dificulta sua purificação. Segundo a tesoureira da Associação de Moradores da comunidade Lago Azul, Raquel Lavareda, durante a cheia, a água do rio principal entra nos igarapés de onde os comunitários tiram a água para consumo.

“É essa água barrenta que muitas famílias levam pra dentro de casa. A gente tem hoje, na escola, um poço artesiano, mas que ainda não abrange toda a comunidade. Tem famílias que têm poço construído por conta própria nas suas casas, mas que também não abrange todos os moradores”, relatou.

Para solucionar o problema, foram entregues 52 purificadores e 11 caixas d’água em nove comunidades da RDS. Quatro destas comunidades receberão a estrutura do projeto “Água Boa”, da Defesa Civil do Amazonas. Purificadores coletam a água dos rios e a levam, por meio de tubos, para uma caixa d’água, onde passa por processos químicos até se tornar própria para o consumo.

Para Raquel, esta ação irá ajudar muito as comunidades que vivem à beira do rio Madeira. “Esse apoio que nós estamos tendo desses projetos do Unicef e Defesa Civil, e que a Sema está trazendo para a nossa comunidade, eu acredito que vai somar muito quanto a nós moradores. Tanto as caixas d’água quanto os filtros vão ajudar bastante”, afirmou.

Em algumas comunidades, o acesso à água é dificultado também pela distância. Maria Ana Hipi faz parte da diretoria da Associação de Moradores de Boa Esperança desde a formação da comunidade. Segundo ela, durante a seca, a distância para entrar no igarapé mais próximo é de aproximadamente duas praias.

“Igarapé aqui perto de nós não tem. Mas assim mesmo a gente pega canoa, vai por terra mesmo, bota as garrafas no paneiro e vai pegar água lá. Outros tem poço, e dentro da comunidade tem três poços pequenos. Mas as famílias moram longe uma da outra, não dá pra distribuir para cada uma, a gente pega de pouquinho em pouquinho nas casas”, contou.

Agora, como presidente, Maria Ana vê no trabalho desenvolvido o início de uma alegria, uma forma de facilitar a vida dos moradores. “Porque para a gente que está na frente, o plano é ajudar todas as famílias, que não fique nenhuma família de fora desses. Eu estou muito feliz por isso, vai melhorar muito a nossa água, vamos ter onde guardar com essas caixas, isso é uma felicidade”, completou.

Ações de apoio

Ao todo, serão distribuídos 400 filtros e 60 caixas d’água a 1.165 famílias de 43 comunidades em Unidades de Conservação do Estado. Além da RDS Rio Amapá, são contempladas as Reservas do Rio Madeira (Novo Aripuanã, Borba e Manicoré), Juma (Novo Aripuanã), Puranga Conquista (Manaus) e Igapó-Açu ( Beruri, Borba e Manicoré).

A escolha foi feita a partir do monitoramento das comunidades mais impactadas pela falta d’água em 2023. A articulação para atender as áreas protegidas ocorreu por meio da Sema, responsável pela gestão dos territórios. A iniciativa já faz parte das ações de mitigação dos efeitos da estiagem deste ano.

A previsão é que a entrega dos materiais para as comunidades seja concluída até 21 de abril. A logística recebe apoio financeiro do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa), do Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática, por meio do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio).